Recentemente estive num workshop com jovens a falar sobre a fé. Surgiu-me a ideia de fazer uma análise SWOT (Pontos Fortes, Strengths; Pontos Fracos, Weaknesses; Oportunidades; e Ameaças, Threats). O momento foi de muita criatividade. Partilho-vos o que retirei das respostas deles.
Pontos Fortes da Fé
Vem em evidência o Fé como acto de confiança, não um acreditar sem ver. Depois reconhecem ser algo que tem a ver com a própria pessoa, não o “eu”, mas o “próprio”. Ou seja, a fé não é algo que alimenta o ego, mas faz parte da nossa identidade. Porém, deve ser partilhada com os outros e impulsiona-nos para o futuro. São os pontos fortes que consolidam a fé.
Pontos Fracos da Fé
Identificaram a dúvida e a vulnerabilidade como pontos fracos da Fé. De facto podem sê-lo, mas são tão essenciais! Aqui destacaria a vulnerabilidade. É preciso coragem para uma pessoa expôr as suas convicções, isto é, ser vulnerável.
Depois, vem em evidência aspectos relacionados com certezas e incertezas, ou seja, um ponto fraco da fé é o paradoxo. De facto, a vida espiritual vive – por vezes – de paradoxos, mas isso é o que nos permite sair da zona de conforto e entrar sempre numa atitude de procura e não de resignação.
Vêm ainda em evidência palavras que dizem respeito ao nosso interior e à divisão. A leitura final que me vinha em mente foi a dos pontos fracos como o humus da terra de onde pode realmente florescer a fé. Diria que são os pontos fracos que nos fazem crescer na fé.
Oportunidades e Ameaças à Fé
As oportunidades tinham a ver com o crescimento pessoal de cada um e o relacionamento com os outros. E das ameaças destaco o risco de nos acomodarmos. Há quem viva a fé sem a aprofundar e ao longo do tempo, pessoas assim, cristalizam a sua fé e essa fragiliza, ou então transforma-se num muro intransponível que afasta a pessoa da realidade.
Fé e Dúvida
Por fim partilhei o seguinte cenário. Imagina que um professor teu aproxima-se de ti e pergunta – “Soube que escrevias sobre temas de Espiritualidade. O que é para ti a fé?”, ao que respondes – “A fé suscita-me dúvidas.” Esta resposta faz sentido?
Todos os grupos nesta workshop afirmaram que sim e, de facto, pode parecer estranha, mas faz sentido. Aliás, a experiência aconteceu comigo e pude explorar num artigo as razões daquela resposta. Por outro lado, vai ao encontro da afirmação de Anne Lamott que subscrevo
“O contrário da fé não é a dúvida, mas a certeza”
Como iniciar um caminho na Fé
A fé é um acto de confiança. Se estiveres perante uma experiência científica, isso significa que confias na obtenção de um resultado que possas analisar. Se estiveres perante Deus significa que confias na experiência que podes fazer com Ele.
Independentemente da tonalidade da tua vida onde colocas o acto de confiança, a fé implica essencialmente uma experiência. Sem experiência não há qualquer hipótese de perceber e acolher a fé.
Tenho duas sugestões para iniciares um caminho na fé.
- Duvida. Este é o impulso suscitado pela fé que te leva a procurar respostas às interrogações da tua vida espiritual e interior.
- Ama. A experiência de pequenos actos de amor aos outros é a melhor forma de fazeres uma experiência de fé.
Questão: qual foi a teu acto de amor? Como procuraste a resposta a uma dúvida suscitada pela fé?