Ser Cristão não é fácil, mas uma vez que damos o primeiro passo para compreender o incompreensível – Deus – por mais paradoxal que seja, acabamos por fazer uma experiência de sentido e significado inesquecível. Pena que ateus pensem que este seja um convite à sua conversão e por isso rebatem tudo e mais alguma coisa. Não é um convite à conversão. Mas antes a estar atento e a saber escutar para saber compreender.
Muito ateus como o meu caro amigo Ludwig Krippahl pensam que pelo facto de não compreendermos totalmente Deus, não podemos fazer uma experiência com Ele, ou que Ele se dê a conhecer. Daí que a conclusão de que um crente erudito (expressão esquisita) não acredita em Deus, pois não é possível acreditar que algo seja verdade e não se compreenda.
Bom. O amor entre dois esposos é verdade, mas também não se compreende ou explica, apenas vive-se. Quer isso dizer que não acredito no matrimónio?
A beleza de uma paisagem e aquilo que essa desperta em mim é verdade, mas também não se compreende ou explica, pois outra pessoa pode ter um sentimento em relação a essa paisagem completamente diferente. Quer isso dizer que não é possível acreditar na beleza?
Penso que é uma questão de esforço.
Ser Cristão e fazer uma experiência de Deus é algo que ilumina, conforta, e impulsiona a vida de uma pessoa a experimentar o mundo com um sentido e significado que vai para além da “realidade que conhecemos” – como diz Ludwig – apontando para uma visão do mundo onde há ainda muita “realidade” por conhecer.
O exemplo que o Ludwig dá no início do seu post é um sintoma. A história refere-se a Daniel Dennett, um neo-ateu crítico da religião, que pediu a um amigo Turco que lhe escrevesse uma frase verdadeira sem lhe dizer o significado. Dennett confia no colega, mas não acredita na frase porque nem sequer sabe o que está lá escrito. Conclui Ludwig que “por estranho que este tipo de crença pareça, é cada vez mais comum entre os crentes religiosos.”
Ou seja, Dennett é preguiçoso e a fé dos crentes também. Quem tem fé não faz esta experiência, mas exactamente o contrário. A fé suscita dúvidas como argumentei num outro artigo, e impulsiona o crente em querer saber mais e melhor o sentido e significado daquilo que vive em termos espirituais.
O exemplo de Dennett é relevante porque conhecer algo verdadeiro escrito com uma linguagem que desconhecemos exige confiança de que há algo inteligível possível conhecer, porque se dá a conhecer. Apenas exige que demos o passo de procurar compreender, nem que isso demore algum tempo. Alguns ateus, como Dennett e Ludwig, ficam-se pela descrença com base na falta de esforço, de paciência, enquanto existem seguramente outros ateus que não se resignam às linguagens que desconhecem, mas procuram compreendê-las como outro Ludwig, desta vez Feuerbach.
O universo é uma das linguagens através da qual Deus nos fala. Basta estar atento e descobrir o sentido e significado de cada coisa. Mas isso exige tempo, paciência, esforço, resiliência, falhar muitas vezes na interpretação, deixar-se interpelar. Podemos pensar muito sobre o assunto, mas o que define o caminho a percorrer é dar o primeiro passo.
Questão: já deste o primeiro passo para entender Deus através da linguagem do universo? O que foi esse passo para ti?
Em relação a pergunta gostaria de dizer que sim. Se pensarmos na experiência da “dupla fenda” em que o “observador” determinada a existência da matéria. Esta experiência junto com a existência do campo ou boson de Higgs mostra que deve ter existido em algum momento da história um “Observador” que criou a matéria. Este “Observador” foi o grande responsável pelo “Big Bang”. Portanto a existência da matéria é a própria prova da existência de Deus.
Uma resposta interessante e interpelante. Obrigado!