Pela primeira vez um Papa dirige-se aos astronautas numa conversa, estando eles no espaço, e em que o próprio faz as perguntas. O diálogo desenvolve-se de forma muito simples e profunda (ver original aqui).
É interessante aprofundar neste diálogo como do espaço se vê uma Terra sem fronteiras perdendo o sentido o facto de os humanos se matarem entre si; como, ecologicamente, é uma fina camada atmosférica que permite a riqueza na diversidade de vida e a abriga; como o universo é vasto e está ainda por explorar, algo que podemos fazer juntos em prol da paz; como a beleza do Planetas Azul contra o negro do vazio suscita a oração ao Criador; e, por fim, como a nossa finitude expressa a consciência das nossas limitações, embora escondam a nossa sede de infinito …
Aproveito também para partilhar a edição recente de um livro que reúne diverso textos de Bento XVI sobre a aliança entre Fé e Ciência (ver aqui).
Realmente o império clerical tem desejo de dominar o planeta, mas no que toca a separações da humanidade a igreja ainda tem de se debater sobre uma igualdade mais básica: a igualdade entre os sexos.
Porque não pode uma mulher presidir a uma missa? Ou ser cardeal da igreja?
Caro Amigo,
Não “império clerical” nenhum.
Não há “desejo de dominar o planeta”.
Basta ler as últimas encíclicas.
Quanto às questões, procura as razões em “Ordenatio Sacerdotalis” (penso que é assim que se escreve) do Beato João Paulo II.
Caro Miguel,
Já leu “O Príncipe” de Maquiavel?
Ou “Legatio ad Gaium” de Filão de Alexandria?
Depois de ler estes dois textos percebe a origem e a opção do império clerical.
“Ordenatio Sacerdotalis” não responde sobre a desigualdade de tratamento entre sexos.
Cumprimentos,
Caro Amigo,
neste momento não tenho oportunidade de ler essas obras, mas não correspondem, certamente à realidade actual. A história é importante para aprender com os erros, mas importa viver no momento presente.
Por fim, em relação ao sacerdócio das mulheres, é uma questão fundacional, onde igualdade não se deve confundir com mesmidade. A dignidade da mulher e seu contributo na vida comunitária da Igreja Católica não depende do sacerdócio. Para isso basta considerar a encíclica de João Paulo II “A Dignidade da Mulher”.
Miguel,
As obras que referi se importantes não só para aprender com os erro mas também para perceber o nosso presente tendo consciência do nosso passado.
Lamento mas não posso concordar com a tentativa de subjugação e limitação intencional na encíclica de João Paulo II “A Dignidade da Mulher”.
«Tens toda a liberdade de escolher desde que escolhas aquilo que eu quero…»
Cumprimentos,
Caro Amigo,
se aquilo que tens afirmado como percepção do presente, consciente do passado, é iluminado por essas obras, torna-se questionável o seu valor em relação a esse objectivo. A razão está no facto das tuas afirmações não corresponderem à realidade, ou pelo menos, à minha experiência de uma vida activa na Igreja Católica.
Por outro lado, em ordem a produzir um juízo sobre a “tentativa de subjugação”, ou “limitação intencional na encíclica”, terás de ter passado por uma experiência e procurado compreendê-la. Logo, as minhas perguntas são: que experiência? Como a compreendeste? Uma mera intuição não é nada convincente …
Ninguém pede que escolhas o que “eu” quero porque, efectivamente, “hoje” podes escolher e ainda bem que o fazes. Eu escolhi Deus e fi-lo livremente, porque quero. E isso tem sido muito positivo na minha vida, não só pelos momentos de felicidade que perduram e dão alegria interior, como pela luz do entendimento nos momentos mais duros, em uníssino com o momento da Cruz.
Abraço
Caro Miguel,
Tentarei explicar à Engenheiro:
Embora o Miguel ainda não tenha lido a mensagem contida dos livros, recebe a mesma mensagem da igreja de hoje como eu.
O problema e o engano é que a igreja não tem um codificador único na emissão da mensagem tem vários e isso gera uma confusão (com vantagem para quem quer manter o Status Quo de supremacia por representação de deus).
Para além dessa entropia na emissão, os dois receptores em causa, eu e o Miguel, apresentamos descodificadores diferentes para as mesmas mensagens. Onde eu vejo um lobo com pele de ovelha, o Miguel vê um anjo iluminado na cruz.
Como cheguei a este descodificador? Não aceitando as incongruências da igreja com desculpa emocionais e irracionais.
Por exemplo:
porque juram os Cardeais:
«não revelar a ninguém o que se me confie em segredo, nem divulgar aquilo que poderá acarretar dano ou desonra à Santa Igreja;» ?
É esse o caminho de Jesus?
Abraço,
Caro Amigo,
um Engenheiro explica um pouco melhor, pois, não percebo o que entendes por:
– vários codificadores na emissão da mensagem;
– supremacia por representação de Deus;
– que incongruências, desculpas emocionais e irracionais;
– a que juramento dos Cardeais te referes e qual a fonta da frase citada;
O caminho de Jesus é um só: o caminho do Amor. Se não fores capaz de ler tudo, mas TUDO na Igreja à luz do Amor de Deus, estarás sempre errado no que pensas (recomendo a primeira encíclica do Papa Bento XVI para iniciação sobre o que significa Amor de Deus, ou Deus é Amor). Quem, na Igreja, seja Leigo, Padre, Bispo ou Papa não viver à luz do Amor de Deus, deixa nesse preciso momento de “ser” Igreja, para passar a ser deste mundo que passa.
Abraço
«- a que juramento dos Cardeais te referes e qual a fonta da frase citada;»
Os prelados escolhidos para o Colégio Cardinalício tornam-se cardeais assim que a nomeação é tornada pública. Os cardeais devem depois na presença do Romano Pontífice pronunciar o juramento de fidelidade.
http://cardeal.co.tv/pt
Ou
http://dominusvobis.blogspot.com/2008/10/cardeais-brasileiros.html
Mas se quer outro exemplo de segredo tem:
http://storico.radiovaticana.org/por/storico/2005-04/34066.html
Sobretudo prometemos e juramos observar, com a máxima fidelidade e com todos, tanto clérigos como leigos, o segredo acerca de tudo aquilo que, de algum modo, disser respeito à eleição do Romano Pontífice e sobre aquilo que suceder no lugar da eleição, concernente directa ou indirectamente ao escrutínio; não violar, de modo nenhum, este segredo, quer durante quer depois da eleição do novo Pontífice,
Caro Amigo,
achas bem revelar o que te pedem segredo?
achas bem divulgar o que acarreta dano ou desonra, violando a dignidade da pessoa ou instituição?
O juramento traduz um princípio basilar de bom senso, em linha com o olhar de amor que Jesus nos convida. Não é correcto leres este tipo de juramentos com base num olhar do obscurantismo, pois o resultado da tua relfexão será sempre enviesado.
Nada disto quer dizer que se esconde o que está errado (pedofilia, crimes financeiros, etc …), mas para isso existe o Direito Canónico.
«achas bem revelar o que te pedem segredo?»
Se demonstra a ausência de deus… sim. Pelo menos do deus bíblico.
«achas bem divulgar o que acarreta dano ou desonra, violando a dignidade da pessoa ou instituição?»
Se a instituição não é divina e apresenta pecados muito mortais, não só devem ser diculgados como denunciados.
«mas para isso existe o Direito Canónico.»
Como ainda não demonstraram a existência de deus, e como querem ter voz na sociedade dos homens a leis devem ser iguais e devem ser julgados no direito civil e criminal. Não reconheço qualquer autoridade ao direito canónico que de canónico tem muito pouco.
«Nada disto quer dizer que se esconde o que está errado»
O pior cego é aquele que não quer ver.
Caro Amigo,
toda a tua argumentação assenta na ausência do Deus bíblico. Podias esclarecer-me como justificas isso? Que experiência e compreensão estão por trás do teu juízo?
Abraço
Caro Miguel,
Agradeço a pergunta, uma vez que não me terei explicado bem.
A questão é se é 1 (um) único deus bíblico.
Mas vários “deuses-homens”.
Por exemplo: Akenathon, algo impopular, gerou o aparecimento de um outro deus para libertar o povo.
Outro exeplo é Calígula, que usou as crenças de Agripa I (Herodes) para criar o aparecimento de um novo deus “mais poderoso que os outros deuses”.
Quanto a Deus, fica a dificuldade de mostrar que não tenho um fantasma por baixo da cama… que não se manifesta.
abraço,
Caro Amigo,
por alguma razão o Deus bíblico manifesta-se ainda hoje na vida das pessoas e os outros não.
Por um lado, fiquei a saber que acreditas na ausência, ou inexistência de Deus, mas não o sabes demonstrar, logo, tornando questionável a tua “crença” descrente. Para ajuizar sobre algo precisas de compreender uma experiência que fazes. Sobre a experiência da ausência de Deus já perguntei a alguns ateus e nenhum me soube testemunhar, desviando o assunto. Faço-te a mesma pergunta.
Por outro lado, ao referires Deus como fantasma implica que sou tão ateu como tu. Não acredito num deus-fantasma porque seria um ser entre outros seres, causa entre outras causas, logo, ao nível de um demiurgo. Esse deus que os ateus negam, negam também os Cristãos. Isso significa, a meu ver, que embora muitos possam ter participado de uma comunidade paroquial, nenhum ateu terá conhecido o Deus de Jesus Cristo. Esse deixa marca e enquanto não fizeres (ou alguém) uma experiência do seu amor, negarás sempre outro Deus que não esse.
«Sobre a experiência da ausência de Deus já perguntei a alguns ateus e nenhum me soube testemunhar»
É uma experiência de liberdade, de plenitude, de fazer parte de um todo total sem subjugação e sem ter alguém a querer dizer algo em nome de deus. É ter fé e valores éticos e morais porque todos ganhamos com isso. É não aceitar dogmatismos. É não aceitar tacitamente que somos culpados ou que somos incapazes. Como experiência de plenitude, se há um ponto em que sou ignorante, então planifico o que posso fazer para colmatar essa ignorância. É ter liberdade para dizer que proibir o uso do preservativo é um crime neste mundo em que vivemos. É viver sem deus, sem alá, sem Jeová, e respeitar os seres Homo sapiens pelo que são. É perceber que há dados e que esses dados podem ter muitas informações. Essas informações podem trazer novo conhecimento e se esse conhecimento permite extrapolar para o futuro ou perceber o passado, então temos sabedoria. E não deixar a interpretação nas mãos de uns representantes que quando comfrontados com o pedido da prova de representação de deus… nenhum me soube provar, desviando o assunto…
Faço-te a mesma pergunta.
Que provas têm os vigários de deus?
Abraço,
Caro Amigo,
Não sei porque chamas à tua experiência, uma experiência de ausência de Deus, pois eu acredito que é por Amor que ele:
– nos fez livres;
– capazes de experimentar a plenitude;
– ter fé e valores éticos;
– não aceitar dogmatismos, mas aprofundá-los para os encarnar com a vida;
– não aceitar “simplesmente” que somos culpados, ou incapazes, mas que podemos sempre recomeçar;
– imprimiu no nosso ser o puro desejo de conhecer;
– ter liberdade que viver a sexualidade na sua totalidade e não meramente na genitalidade;
– perceber que há dados, e informação neles contida que nos revelam a imensidão e beleza do universo, uma harmonia de contrastes e tudo Criação de Deus;
– que a sabedoria é mais do que conhecimento, é conhecimento por/no/através-do amor;
– não deixar a interpretação da vida em Deus na mãos de alguns, mas participá-la a todos e com todos experimentá-la;
– perceber que a prova da existência de Deus é surpreendente, concreta e pessoal.
Em muitos aspectos a tua experiência é da presença de Deus e não da ausência, logo, a minha questão mantém-se.
Eu penso que a prova dos vigários de Deus sobre a Sua existência está no chamamento que cada um deles sentiu ao ponto de dar a sua vida em serviço aos outros, tal como quem os chamou – Cristo – que não veio para ser servido, mas para servir. Fora disto, e sem isto em mente, tudo o que se possa pensar dos vigários de Deus é vão, efémero, inútil, errado e inconsciente. Por isso é que há muitos que os criticam sem nada saberem. Lá está, falta a experiência de ir ter com um deles e perguntar-lhe: “porque deu a sua vida por Cristo?”
Abraço
Miguel,
Espero que um dia percebas o que escreves-te na mensagem anterior.
O teu coração já sabe que deus não existe. Só falta a tua consciência aceitar que deus não existe.
Abraço,
escreveste e não escreves-te, erro de formatação do texto…
Caro Amigo,
como sabes tu o que está no meu coracão? És Deus?
Miguel,
Não é preciso ser deus para retirar conclusões das suas palavras.
Com um pouco de calma leia o que escreveu e depois faça um exame de consciência.
Por vezes os outros percebem coisas que não próprios ainda não percebemos. Os seus pais nunca lhe mostraram isso? De alguma forma eles já sabiam coisas sobre o Miguel, que o Miguel ainda não sabia sobre si próprio.
Caro Amigo,
infelizmente para ti, as conclusões que tiras são erradas porque não correspondem à minha experiência de vida e, neste caso, essa é mais válida que uma interpretação que fazes (que está também errada) das minhas palavras.
Eu limitei-me a constatar que não há muito, ou mesmo nada, naquilo que consideras como a tua experiência da inexistência de Deus, que o demonstre de facto. Pelo contrário, o que experimentas é precisamente o que eu esperaria que alguém experimentasse pelo facto de Deus existir (liberdade, plenitude, etc…)
O que tu afirmaste sobre o que está no meu coração soa a psicologia barata e não te fica muito bem. É excessivamente emotivo e pouco fundamentado. Quando escrevo, sei (mais do que pensas) precisamente o que estou a escrever e meço bem as minhas palavras. O facto do nosso contacto ser, sobretudo, virtual, não te permite, de forma alguma, perceber algo sobre mim que eu não tenha ainda percebido. Isso faz-se com o contacto pessoal, tal como no exemplo que dás dos meus pais, pensando certamente no que aconteceu entre ti e os teus pais.
Sugiro que seja tu a fazer o exame de consciência e procures nela a experiência da inexistência de Deus, na qual “acreditas”. Sim, porque todo o ateísmo … é crença.
Miguel,
«O facto do nosso contacto ser, sobretudo, virtual, não te permite, de forma alguma, perceber algo sobre mim que eu não tenha ainda percebido.»
Espero que um dia percebas que isso não é verdade, muito longe disso.
Caro Amigo,
então se porventura nos conhecemos pessoalmente, por aquilo que designas como a tua experiência de ausência de Deus, afirmo-te que é uma experiência de silêncio de Deus e não de ausência de Deus. Pois, quando o nosso coração está tão cheio das nossas certezas em relação a Ele, torna-se incalável e ensurdecedor, e Deus respeita-nos, fazendo silêncio …
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