Li recentemente no livro “In two minds” de Os Guinness a seguinte frase,
”Enquanto houver vida, há esperança!” podia ser aqui entendida como “Enquanto houver dúvida, há fé!”
O contexto é simples e sério. Quando as dúvidas que temos em relação às questões de Deus e de Espiritualidade permanecem uma escolha deliberada de não querer ver essas dúvidas respondidas, o risco de se tornarem descrença é muito elevado. Isso impede o nosso caminho de honestidade em relação à procura da fé.
Todo o ser humano procura a fé. Mesmo o que hoje se diz ateu e, sobretudo, o que se afirma como crente. Mas quando não queremos por nada ver uma dúvida esclarecida, optamos pelo caminho da descrença e não do esclarecimento. Daí que, ”enquanto houver dúvida, há fé”, o que exprime como ambas estão intrinsecamente ligadas e não se contradizem.
Por vezes, a experiência por detrás de uma dúvida é pessoal, profunda e dura. Pode nada ter a ver com Deus e, pelo contrário, coloca a esperança em Deus para a compreender e enquandrar num caminho de felicidade. Com o tempo, e sem qualquer apoio, a dúvida passa a ser a manifestação de uma experiência não resolvida. E por mais teologia ou filosofia que nos impinjam, pelo facto de ninguém se dar conta de que por detrás da dúvida está uma experiência, tudo permanece sem resolução, independentemente das inúmeras respostas ao nosso alcance.
O que fazer? Não há receitas, mas talvez ajude a quem duvida pensar que experiência pode estar na origem da dúvida. E a quem escuta, talvez ajude perceber melhor do outro qual a experiência que pode estar na origem da dúvida.
O mais importante não é ir ao encontro da dúvida com uma resposta, mas ao encontro do outro com atenção plena.