Há quem negue Deus porque de todas as características que lhe são atribuídas, existem algumas que não são justificadas (normalmente, cientificamente), ou então porque o mesmo se poderia dizer de uma entidade qualquer que, claramente, não existe. Esses colocam Deus ao nível de um ser entre outros seres, causa entre outras causas, como se fosse mais um ingrediente da receita da realidade. Negam porque conhecem.
Ora, de Deus diz-se tanta coisa, desenvolvem-se tantos conceitos, atribuem-se tantas características sobre aquilo que é (abordagem catafática), como sobre aquilo que não é (abordagem apofática), mas … em rigor … quem é Deus?
Como na experiência de uma cara amiga no início da discussão do seu doutoramento em teologia, ao fazerem-lhe essa pergunta pela terceira vez, apesar de terem reconhecido o valor das respostas anteriores, responde: ”não sei” … ao que o examinador replica – ”Muito bem, agora podemos começar.”
Sejamos honestos intelectualmente. De Deus sabemos tão pouco. Eu desconheço Deus. E da mesma forma que se desconheço uma pessoa, importa estabelecer uma relação com ela para a conhecer melhor, faz mais sentido acreditar num Deus que desconheço, do que negar Deus que afirmo conhecer pelas características que lhe são atribuídas, quando não há forma de as confirmar. Aliás, muitos encontram aí a sua justificação para a negação que fazem, isto é, ou concluem que não existe porque não podem confirmar as características que lhe são atribuídas, ou reconhecem que não podem confirmar essas características porque Deus, de facto, não existe.
Não é só com base no maior ou menor conhecimento de Deus que alguém acredita n’Ele. Só um cientista que estuda o que desconhece é dá sentido e significado ao que faz. Mas, pode um cientista – biólogo, por exemplo, – estudar uma obra literária com o mesmo método que usa para estudar uma espécie animal? Pode um especialista em língua alemã estudar um mecanismo de transferência de calor usando o método com o qual estuda a sintaxe e semântica do alemão? Não se podem confirmar características de Deus que é a Realidade-que-tudo-determina com algo sempre menor e incapaz de englobar essa Realidade na sua totalidade. É como se um peixe quisesse confirmar a existência do universo apesar da incapacidade de sair do seu oceano.
Sinceramente, em rigor, a única resposta credível para a questão “Quem é Deus?” dada por aqueles que não têm uma experiência de Deus seria a que uma vez li da parte de Hubbert Reeves – “não sei … “
O que escreveu neste artigo e disse-o nas jornada diocesana da juventude em Mafra ajudou-me a ver Deus de outra forma. É que de Deus nunca o vimos, mas temos um exemplo Jesus e o seu amor incondicional. Eu tenho por hábito a dizer as crianças do 1 ano, Eu não conheço Deus porque nunca o vi mas, temos alguém que viveu que foi Jesus Cristo e ele nos mostrou o Pai.
É isso que que nos identifica como Cristãos. Obrigado pelo teu comentário 🙂