Uma vez perguntaram-me o que era para mim a fé, ao que respondi “a fé suscita-me dúvidas” … hum …
Muitos ainda se encontram naquele estado primordial de pensar que a fé é crer no que não se vê, ou quando não existem evidências do tipo científicas. A fé é mais do que isso. Muitos argumentam numa linha que se aproxima mais da experiência que faço todos os dias. A fé como um ato de confiança. Por exemplo, em ciência, o ato de confiança de que é possível conhecer a verdade sobre uma determinada realidade. Se não acreditasse na possibilidade de vir a conhecer o que desconheço, mesmo sem ter qualquer prova do tipo científico que esse conhecimento é possível de ser atingido, nada faria nesse sentido. Logo, é a fé como ato de confiança no inteligível que me impulsiona.
Porque razão afirmei eu que a fé suscitava-me dúvidas?
Isso depende da forma como experimento a dúvida – no meu caso – como o impulso proveniente da procura da verdade. Não duvido porque conheço a verdade, mas porque genuinamente a desconheço. Isto contrasta muitas pseudo-dúvidas que vemos em diversos não-crentes, disfarçadas de genuínas proposições, porém, cuja análise passa da experiência à conclusão, sem qualquer desenvolvimento de conhecimento pelo meio. Assim, ninguém percebe o percurso, e acabamos por concluir que o ponto de chegada era, afinal, o ponto de partida.
Se a fé é um ato de confiança que me impulsiona a conhecer mais e melhor o que desconheço (procurar a verdade), esse impulso é a dúvida. Daí que a fé suscite dúvidas… o que observo por vezes nos não-crentes é muita fé, mas poucas dúvidas.
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