Fico admirado com os debates que se realizam em Portugal. A não ser que exista um pensamento rápido e bombástico, a ideia que se pretende transmitir não pega, talvez porque o pensamento profundo e, necessariamente, mais longo não ganha audiências.
Com base numa observação pertinente de uma amiga que me é cara, fui levado a pensar se os textos que aqui coloco, que deveriam ser “posts” de um blog, ou seja artigos, comentários a notícias, pensamentos, mas que se possam ler (sem muito tempo perder), fossem demasiado longos. Talvez o sejam, admito. Mas isso levou a pensar, e questionar: estaremos a entrar na geração do “fast-thought”?
Da mesma forma que o “fast-food” pode levar a problemas de saúde graves, será que o “fast-thought” poderá levar a problemas de saúde intelectual graves? Quando comecei por criticar os debates em Portugal, pensava que os argumentos nesses debates funcionam desde que se sobrevoe sobre tudo, sem pousar sobre nada, ficando ideias profundas pela rama, mas dando ao telespectador a impressão de que ficou “a saber”.
Será que o “fast-thought” nos leva à perda gradual da capacidade de criticar? Ou melhor, de aprofundar as razões porque criticamos?
Independentemente disso, também o “fast-thought” terá aspectos positivos, pois obriga-nos a desenvolver a capacidade de síntese, a ir ao essencial sem perder a noção do todo, a encontrar a resposta que leva à pergunta, e com isso, ao aprofundamento das questões.
Enfim, se os leitores interessados nos textos do meu blog não se importarem com a extensão e profundidade dos textos que aqui coloco, gostaria de lhes dizer que penso continuar a partilhar “em português” ideias com alguma profundidade. Mas para outros que estariam, porventura, interessados em artigos mais sintéticos, quero assegurar-lhes de que procurarei ir ao seu encontro, o que é, também, muito importante.
Porém, não posso deixar de chegar ao fim deste “post” e questionar-me, será tudo o que escrevi até aqui um “fast-thought”?