Os Cristãos acreditam que o desejo profundo do ser humano é a sua união com Deus. Há formas evidentes de fazer essa experiência, mas tenho pensado que existem outras menos evidentes … penso nos ateus.
Uma vez argumentei que uma das razões da minha fé era a existência de pessoas que não acreditam em Deus. O argumento assenta em acreditar que um Deus que nos ama só nos poderia ter criado livres, inclusive livres de não acreditar na sua existência, ou que seja existência. Como existem ateus, observo algo que esperaria de um Deus que nos ama incondicionalmente.
Mas eis o que observo também. É muito raro ver um ateu autêntico que não se preocupe com a questão de Deus. Aqueles com quem tenho procurado dialogar escrevem inúmeros posts sobre Deus ou assuntos relacionados com Deus. À primeira vista pode parecer que são artigos de opinião que se destinam a provocar os crentes. E talvez seja essa a motivação inicial, e até principal, mas vislumbro que seja a um nível mais profundo um desejo de estar em união com Deus e não encontrar meio racional de o satisfazer. Penso que um possível caminho esteja antes na relacionalidade, para além da racionalidade, através de uma experiência pessoal com os outros. Eventualmente, uma experiência que pode passar pelo sofrimento. Se Deus é amor e dom-de-si-mesmo, quando experimentamos o que significa concretamente ser amor no dom-de-nós-mesmos, no serviço aos mais necessitados, poderemos encontrar quem profundamente desejamos no olhar de quem sofre …