Quando estamos muito atarefados parece-nos que o tempo é curto. Quando pouco temos para fazer, o tempo é longo. Se não sabemos muito bem como iniciar uma conversa com o outro, começamos pelo tempo. Para ganhar uma corrida, basta-nos fazer o melhor tempo. Mas afinal, o que é o tempo?

Santo Agostinho respondeu a essa pegunta dizendo que “se ninguém mo perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei”. O tempo é biológico, psicológico, histórico, geológico, cosmológico, quântico, climatológico, efémero e eterno. Existe em tudo o que tem a ver com o ser humano, com o que ele vê à sua volta, e também com o que não vê, mas sente.

O tempo biológico começa no momento da nossa concepção e termina com a nossa morte. O tempo psicológico faz-se de momentos emotivos curtos, ou mais longos, replectos de alegria, tristeza, consciência. O histórico é fruto da cultura humana cuja leitura dá a conhecer ao homem o que o faz ser como ele é. O tempo geológico mostra-nos os traços de um mundo inanimado que também evolui. O cosmológico é imenso e relativo, ao passo que o tempo quântico diz-nos que o próprio tempo não existe. O tempo climatológico é feito de água, ar, calor e frio. O efémero é o tempo que passa, e o eterno o que permanece para sempre.

Que importa falar, reflectir, ler sobre o tempo?

Nada, se assim o quisermos, ou importa tudo se queremos saber o seu segredo. É que “o passado já não existe e o futuro só existirá se chegar a ser presente”. Por isso, é nas pequenas coisas que o tempo presente nos reserva em cada momento, fazendo-as sem pressa, com perfeição, estando concentrados, que transformamos cada instante na plenitude daquilo que é a Vontade de Deus.

É assim que crente, ou não crente, tendo estes aspectos em mente,
encontra a paz e sente, que nasce uma vida plena de cada momento presente.


in revista Cidade Nova, Janeiro, 2006