As pessoas começam por entrar na sala ao som de uma música serena e clássica.
Estão presentes diversas personalidades. Isabel Varanda inicia o Átrio dos Gentios.
D. Carlos Azevedo. Sou um não-crente muito Cristão. (palavras de um filósofo que se concretizam hoje). O AG é um espaço de pessoas que não renuncia à inquietude. Espaço de liberdade, pluralidade, explorar vias de busca da felicidade de forma inteligente. O centro da temática na vida reflecte um sentido humanistico comum. Juntos na busca de uma vida menos farta, mas solidária.
Maria João Avillez faz a apresentação de Marcelo Rebelo de Sousa, salientando o lado menos “vendável”, mas talvez o mais importante: a relação entre o homem e Deus.
Marcelo Rebelo de Sousa traça a história de Portugal, de modo a encontrar o “modo de ser português”. Recordo-me apenas de uma coisa: nomes. Muitos nomes de portugueses que fizeram cultura e informaram com o seu pensamento uma parte do modo de ser português. A outra parte são todos os adjetivos simples que nos caracterizam e onde todos nos encontramos. Um povo cuja cultura não é somente feita de nomes, mas de povo.
Às 21h30, recomeça …
… com Maria João Avillez a apresentar João Lobo Antunes, que encara a medicina como um “sacerdócio”.
João Lobo Antunes é brilhante. Mas pergunto-me … Onde estão os não-crentes do ponto de vista das intervenções?
A nossa singularidade é, ela mesma, razão de dignidade. A minha dignidade é realizável na dignidade do outro.
Maria João Avillez apresenta o Cardeal Gianfranco Ravasi.
A ética é a história da minha inquietude (Lobo Antunes citado por Ravasi). Refere Pascal que reconhece o ser humano como um nada que é tudo, e um tudo que nada é. Tínhamos em mente os relatos da Criação. Três elementos.
O rosto. Ir para além das palavras e encontrar o silêncio de dois olhares que se cruzam, como dois namorados que esgotando as palavras para se exprimirem plenamente no silêncio, num diálogo de rostos.
A relação.
Procuramos.
A hominização completa-se quando encontro o outro. A vida tem necessidade de relação. Querem outra palavra? Amor. Dito em infinitos tons.
O homem é capaz de amor, de amar. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelo seus amigos. (Impressão: temos de crescer em Portugal no nosso discurso cultural. Atingir esta profundidade, com a mesma simplicidade. A maior parte dos discursos foi eloquentes, mas faltou-lhes simplicidade)
O ser humano é grandeza e miséria. Não é apenas o infinito que nos olha, também nós olhamos para o infinito.
Celebremos a racionalidade. Porquê? A fé leva-nos a investigar. E investigar cansa. Porque o elemento fundamental da mente é a dúvida. A pergunta. Pois, respostas todos as dão, má para formular as questões é preciso um génio (Oscar Wilse)
Palavra final: verdade.
A verdade precede-nos e supera-nos. E faz-nos livres.
Termina com Gandhi. Brilhante!
Silêncio é – a partir da língua grega – a base da palavra mistério. Logo, no vértice da fé está o silêncio. (Ideia interessante do ponto de vista dos não – crentes). Deus é voz subtil silenciosa. (Ausência? Não. Silêncio.)
Alguém pergunta se a fonte das crises é o excesso de ruído e falta de silêncio. Diz um provérbio judaico. O sábio sabe o que diz, o estúpido diz o que sabe.
Termina este dia cultural.