Materialistas ateus e a batalha pelos nossos corações e mentes

Nalguns escritos e afirmações públicas daqueles que se posicionam como materialistas ontológicos ou ateus, tornou-se óbvio quererem que todos entrem no mesmo comboio. Do seu ponto de vista, se ao menos a sociedade se voltasse para uma filosofia ateísta, tudo seria resolvido.

Com este fim, escrevem dramaticamente que existe apenas uma forma de conhecer qualquer coisa real sobre o universo e uma forma válida apenas de pensar sobre as coisas. Alguns exemplos.

Primeiro, existe o falecido Francis Crick, co-autor com James Watson do modelo do ADN, icone marcante da biologia moderna, que escreveu: “O objectivo último do movimento moderno em biologia é, de facto, explicar toda a biologia em termos da física e da química. … Eventualmente, pode-se esperar ter toda a biologia ‘explicada’ em termos do nível abaixo dela, e assim por diante até ao nível atómico.”

Depois existe Richard Dawkins, o cientista e divulgador da ciência em biologia evolucionária, que diz: “O universo que observamos tem precisamente as propriedades que deveríamos esperar se não existisse, no fundo, qualquer design, propósito, mal ou bem, nada senão uma cega e impiedosa indiferença.”

A seguir temos o filósofo da Universidade de Tufts, Daniel Dennet, que afirma: “a sabedoria prevalecente, expressada de várias formas e pela qual se argumenta, é o materialismo: existe apenas uma espécie de material, nomeadamente matéria, o material físico da física, química, e fisiologia, e a mente é um fenómeno físico.”

Existem até aqueles, como o biólogo de Harvard Richard Lewontin, que descaradamente admitem que este é um ponto de vista especificamente escolhido: “temos um compromisso à partida, um compromisso ao materialismo. … O materialismo é absoluto, pois não podemos permitir um pé divino na porta.”

Curiosamente, os materialistas ateus, que se vêem como defensores baluartes da ciência estabelecida contra os assaltos daquilo que consideram o supersticioso fervor religioso, são capazes de um agrupamento humorístico de armamento retórico. Daniel Dennet dispara uma salva aos Cristãos conservadores que imita aquilo que percepciona estar a ser disparado para o seu lado. O direito religioso tem “dominado a arte da refutação por caricatura, e produz ataques súbitos a cada oportunidade de substituir, cautelosamente, articulações expressas pelos factos evolucionários, com simplificações demasiado sensacionalistas, com as quais buzinam e alertam o mundo.” Agora, perguntamos, quem está a dizer que a chaleira á preta? Certamente que estamos contentes de ler que no coração da batalha retórica, Dennet evita a “caricatura” e “simplificar demais.”