A fé não é uma grande crença em algo (e / ou alguém) para o qual não há evidência?

É e não é. Dois exemplos de que “é”: Galileu e Einstein. Tanto um como o outro não tinham qualquer “evidência” que provassem as suas teorias, mas acreditavam que essas estavam correctas e descreviam a realidade melhor do que as teorias anteriores. Porém, quando os avanços tecnológicos permitiram construir instrumentos de medida mais eficazes, ambas se provaram, mas tanto um como o outro não puderam participar dessa “evidência” por terem morrido antes disso. A questão que é colocada pode ser interpretada também relativamente à fé em Deus, para a qual as evidências não são de natureza científica, mas experiencial, teológica, filosófica, e restritas ao ser humano, como a Natureza que toma consciência de si mesma. Penso que durante muitos séculos, a fé em Deus individualizou-se, passando a ser algo que diz respeito a cada um. Na minha opinião, isso não foi bom. Ora, como Deus não se individualiza, mas relaciona-se, só é possível – penso – “entender” a fé em Deus enquanto formos imagem de Deus (Amor na relacionalidade), de tal forma que a entendo nas relações que construo com Deus, os outros, e a natureza. Numa vivência especialmente centrada na comunhão é possível entender melhor o que é a fé para além das evidências.