Com esta questão termino um ciclo de 12 questões que me foram colocadas por um amigo que deixou de ter fé, passando a acreditar que a ciência explica toda a realidade do universo. Achei interessante como algumas das questões colocadas por ele são de carácter – parece-me – muito teológico. Mas numa postura de diálogo entre ciência e fé é a abertura de cada um à possibilidade de que a verdade está para além da mera materialidade, que pode conduzir-nos à consonância de uma fé que dê sentido à ciência e de uma ciência que esclareça a fé.
Como concilia a suposta unidade na fé dos católicos com o facto de este questionário poder ser respondido de formas diversas consoante o católico que o responde, bem como a fase da vida madura em que o responde?

Tal como ouvi de uma amiga, enquanto que um aluno do secundário para determinar a área de um rectângulo multiplica lado maior vezes lado menor, um aluno universitário utiliza um integral, logo, concilio bem, porque é normal. É normal para o católico viver a unidade na diversidade. Eu penso mesmo que é positivo, porque o católico não é católico se não for universal e viver em comunidade. É muito perigoso quando um católico pensa individualmente. Deve sempre confrontar-se com os outros católicos, e não-católicos, e encontrar as respostas em comunidade. Isto porque somos seres relacionais, mais do que racionais. E penso que é a partir da relacionalidade que surge o pensamento comum na fé católica, onde o critério para formar o entendimento das realidades espirituais é manter a unidade, o que pode implicar dor e amor, perder para acolher, fazer-se um com o outro, esvaziar-me das minhas ideias para acolher as ideias do outro. Mas isto são apenas alguns aspectos de algo maior, que a unidade na fé dos Cristãos se vive sobretudo no amor recíproco.