Um dos motivos recorrentes dos ateus para re-afirmar a sua convicção e “fé” na existência de Deus é o facto da crença religiosa, considerando diferentes religiões, ser exclusiva. Ou seja, se a minha crença é Cristã, a crença muçulmana, ou Hindu é falsa. Cruzei-me com um pequeno parágrafo aqui[1] onde é afirmado, com simplicidade, que
«Scriptural Reasoning gathers people of different religious traditions to read and discuss sections of their sacred texts. The intended outcome is not consensus, but deeper understanding.»
Em que consiste o método dialéctico da Fundamentação dos Textos Sagrados [2]? Na notícia supra-citada afirma-se «engage in reading and discussing each other’s sacred texts, particularly in relation to contemporary issues», onde considero estar incluído a interacção entre ciência e religião. Os princípios fundamentais para dialogar no sentido prático são a abertura e honestidade, crescer em sabedoria e amizade, independentemente do consenso («such as openness and honesty, in order to encourage a constructive dialogue and the growth of wisdom and friendship, but not to achieve consensus nor even agreement, necessarily»). Penso que estes mesmo princípios deveriam animar o diálogo entre crente e não-crentes.
É pela maior profundidade no conhecimento da experiência religiosa do outro que posso, também, aprofundar melhor a minha, promovendo um diálogo que nos conduz à unidade na diversidade de experiências. Assim, também através das dúvidas de um não-crente acerca da existência de Deus ou da sua acção no mundo deveriam ajudar-me a aprofundar melhor os fundamentos da fé.
Em suma, parece-me cada vez menos credível o pressuposto ateísta da crença exclusiva e cada vez mais o diálogo inter-religioso se torna um exemplo para o debate cultural entre ciência e religião.
[1] “The Role of Scripture in Interreligious Dialogue” por Andrea Kirk Assaf
[2] Optei por esta tradução para Scriptural Reasoning, embora não esteja certo de ser a mais correcta.
Deus, o mistério.
Existe em um lugar qualquer do nosso planeta, uma caixa hermeticamente fechada. Esta caixa esta imóvel não tem nenhum odor, não há nada que a identifique. Muitos humanos passaram a observar, andaram a sua volta, a examinaram, chegando até tocar com as mãos, mas nada puderam perceber, era impossível saber seu conteúdo. Esta caixa continua a ser um grande mistério. Algum esperto teve uma idéia maravilhosa e disse; Deus o nosso criador esta nesta caixa, após dizer isso passou a descrever como seria este Deus, ele é onipotente, bondoso e justo, nós somos a sua imagem, ele foi o criador do universo. Foi assim que começou a primeira religião monoteísta.
Como o negocio foi ficando muito lucrativo, apareceram outros adotando a mesma idéia e assim foi proliferando todo tipo de crença. A caixa continua lá no mesmo lugar e muito bem fechada como sempre esteve. Aquele pseudo conhecimento de Deus foi se alastrando por todo planeta, cada um dando sua versão de acordo com seus interesses, mas até o dia de hoje a caixa não foi aberta tudo que se fala, sem nenhuma duvida são suposições, pois o mistério continua, ninguém pode dizer que já o desvendaram, acredito que nunca será desvendado, passam gerações e gerações, e o mistério continua a desafiar nossa imaginação. Tudo que é pregado pelas religiões, são somente suposições nada pode ser provado até hoje.
Não pensem que sou ateu, nada disso apenas tenho um cérebro para pensar, para raciocinar. E qualquer explicação que não tenha coerência, não posso aceitar como verdade. Penso que deve haver um criador de todo este misterioso universo, mas este misterioso criador não precisa ser necessariamente divino pode ser um criador sem dotes celestiais, isso não lhe tiraria os méritos diante de tamanha construção.
Sei muito bem que minhas palavras não irão mudar nada na humanidade, pois isso já esta enraizado na mente humana não há como mudar. Gostaria que pelo menos as pessoas usassem mais o potencial maravilhoso dos seus cérebros, refletissem com mais clareza, deixando com isso de ajudar muitos espertos a montarem verdadeiros impérios de poder em nome deste Deus que continua fechado na caixa misteriosa.
Paulo Luiz Mendonça. Autor do livro Crônicas indagações e teorias. Editora Scortecci.