Li recentemente que ainda há quem argumente que a religião é má. Creio que este é um argumento ultrapassado e antiquado. A religião não é má, mas as pessoas podem ser. A religião vivida de forma autêntica leva o ser humano e ser mais humano. Caso contrário, o que se vive não é religião, mas ambições pessoais disfarçadas de religião.
De acordo com John Haught, por “religião” pode-se entender como a tentativa de reafirmação perante a insignificância da nossa existência, e tal reafirmação encontra-se na experiência de ser agarrado, ou levado por uma outra dimensão da realidade, que está para além da materialidade do ambiente que nos rodeia, e mais relacionada com a ambiente último que é infinito no seu desígnio e inesgotável no seu mistério. Quando um ateu procura a Verdade, não se encontra nestas condições? Sim. Ponto. A procura da Verdade é um ato profundamente religioso.
Um ateu não crê em Deus, mas em rigor é uma pessoa religiosa, como é aquele que acredita em Deus. No caso Cristão, por exemplo, a diferença reside no facto de este dar um nome e rosto a essa Verdade. Por isso, não vale a pena insistir que a religião é má porque procurar a verdade, tal ato experimentado de ser agarrado, ou levado por uma outra dimensão da realidade, que está para além da materialidade, é bom!
A religião é boa porque procura a verdade? Hehehhe. Deixe-me rir. E a verdade é o quê além de uma palavra? Qual verdade? Dê-se poder à religião para voltar ao poder político – onde o não tem – e vamos redescobrir que é o sol que anda à volta da Terra, que morrer é ir ao encontro de não sei quantas virgens no céu, coitadas, e tal. Quando a religião descobrir “a verdade”, avisem-me por favor, digo por caridade.
A verdade é Cristo
Caro António, pela tua ordem de ideias, o teu comentário seriam só palavras, mas não é assim. Não é a religião que descobre a verdade, és tu. Penso é que esse ato de descoberta é profundamente religioso. No caso Cristão, essa demanda toma contornos particulares porque – como afirma o Paulo no seu comentário breve e simples – essa verdade assume um rosto e um nome, uma vez que descobrir a Verdade e descobrir Jesus são uma e a mesma coisa.
Caríssimo Paulo! Gostei imenso de vos conhecer e tentei enviar-te um email, mas veio devolvido. Percebi ontem que temos um amigo comum, pois telefonei ao Miguel Ribeiro (hoje Padre) para confirmar se era da vossa família que ele uma vez se referiu e que, por alguma razão que não me lembro, não esqueci o nome 🙂
Um grande abraço e subscrevo o teu comentário simples e conciso.