Não se se recordam da expressão “cassete Carvalhas” denotando que o então dirigente do PCP repetia sistematicamente a mesma coisa, de tal modo que perdia o interesse a partir da primeira palavra? É o que acontece com alguns cientistas claramente ateus. Mais uma vez, agora na NBC News, perde-se tempo a escrever sobre se ciência irá nalgum dia eliminar a possibilidade de Deus (Will science comedy rule out the possibility of God?)?

Mais uma vez se afirma que sabemos cada vez mais e melhor sobre como funciona o universo, surgiu o tempo e o espaço, blá, blá, blá, de tal modo que (e aqui vem a retórica do costume) em nenhuma das atuais teorias é dado qualquer papel a Deus. Pois, talvez porque Deus não é um ser entre outros seres, ou causa entre outras causas

Mais uma vez se afirma que não há nada no facto de existir um primeiro momento no tempo que necessite de uma intervenção externa requirida para tal. Pois, talvez porque a forma de agir de Deus é não-intervencionista, como tem sido estudado na última década por aqueles que se dedicam seriamente ao diálogo entre ciência e fé …

Mais uma vez se afirma que o Big Bang é simplesmente o resultado das leis da física. Ponto. E daí? Porque razão ao fazer uma afirmação destas se pretende pseudo-contradizer o facto de um mundo ser compreendido como Criação de Deus?

Mais uma vez se refere às constantes universais, o “fine-tunning” cuja ínfima alteração do seu valor levar à inexistência do universo tal como o conhecemos, eventualmente incapaz de suportar vida. Mas porque razão continuamos a procurar uma justificação científica para a ação ou existência de Deus? Se este não é um ser entre outros seres, ou causa entre outras causas, uma justificação inevitavelmente carente de ser material e causas, nunca poderia alguma vez justificar o que quer que seja sobre a ação e existência de Deus.

Mais uma vez quando confrontado com a eterna questão de Leibniz “Porque existe alguma coisa em vez de nada?”, se responde “não pode haver resposta para tal questão”. Francamente. Não seria mais honesto dizer “não sei, e porque sou ateu acredito que não seja Deus”. Sim, porque é preciso crer que Deus não existe para se ser ateu, pois, rigorosamente (cânone da parcimónia: só podems afirmar o que podemos verificar, e não podemos afirmar o que não podemos verificar, B. Lonergan), um ateu não tem qualquer prova científica da inexistência de Deus, a não ser mesmo uma opção de vida filosófica.

Porém, quando este cientista Sean Carroll afirma que “embrulhar uma outra camada de explicação (i.e. Deus) em torno de uma teoria do tudo auto-sustentada seria, meramente, uma complicação desnecessária. (A teoria já trabalhar sem Deus)” – eu afirmo: tem toda a razão! Qualquer teoria que reduzisse Deus a uma realidade por ela determinada, seria um absurdo, uma vez que Deus – por definição – é a Realidade-que-tudo-determina (Pannenberg)!

Amigos ateus, uma sugestão: larguem as cassetes e façam algo de verdadeiramente novo, mas sério! Caso contrário, não consigo que me ajudem a aprofundar a fé …