A dúvida não é um entrave à vida espiritual, mas um motor. Este parece-me ser um passo essencial no caminho do crente e não-crente que lhes permite caminhar juntos. Mas será que todos duvidam da mesma maneira?
O que é a dúvida?
Duvidar pode ter várias interpretações. Se formos ao dicionário, associada à palavra duvidar temos: temer, recear; desconfiar, nutrir suspeitas; não ter confiança em; e questionar.
Penso que estas definições ajudam a entender como pode ser diferente a interpretação de uma pessoa à afirmação de que a dúvida faz parte do caminho da fé.
Há quem receie
Aqueles que vivem a dúvida como um receio ou temor, procuram afastá-la do seu horizonte porque traz consigo um sentimento negativo. Quem teme Deus pode usar a dúvida como remédio para esse sentimento e assim caminhar pela via da não-crença. E há quem tenha medo que a dúvida destrua a fé.
Há quem desconfie
A fé não é acreditar sem ver ou ter provas, mas um acto de confiança. Quem acolhe a fé confia. Logo, quem vive a dúvida como um acto de desconfiar e “nutrir suspeitas,” contrapõe a dúvida à fé, e caminha pela não-crença.
Há quem questione
É neste contexto que a dúvida se torna um motor da fé. Questionar é o acto humano de querer entrar no conhecimento da realidade na sua totalidade. A nossa vida espiritual é uma realidade, mas pela ausência de algo palpável que não sejam pensamentos e sentimentos, por alguma razão temos a tendência de temê-los e desconfiar deles. Daí a importância da fé.
Quem tem fé confia naquilo que experimenta, pensa e sente, e usa a dúvida como o meio privilegiado de aprofundá-lo. Mas, mesmo nesta arte de questionar podem existir duas atitudes mentais distintas.
Duas atitudes mentais diante da dúvida
A primeira atitude mental é a de questionar e ficar-se pela questão, sem procurar respostas, ou – mais grave – chegar a uma conclusão sem investigar sequer através de experiências, partilha de pensamentos e sentimentos.
A segunda atitude mental é a de quem foca a sua atenção na procura de respostas e não se cansa de procurar. Muitos crentes e não-crentes podem optar pela primeira atitude mental, mas eu faço o convite de optarem antes pela segunda onde se situa o progresso espiritual e humano. Não há nada como experimentar certo?
Questão: qual a importância que tem a dúvida no teu caminho espiritual?