Osho contra a crença

Um amigo partilhou-me um vídeo de Osho porque se lembrou de mim. Pedia-me simplesmente para o ouvir com mente aberta e não preparar qualquer resposta, imagino eu que se referia a rebater, ou algo parecido. Na prática sugeria-me que meditasse sobre esse vídeo. Aceitei o desafio. Porém, pareceu-me interessante escrever algo sobre esta experiência.

Na prática, a razão de Osho ser contra a crença é por minar a luz que provém da dúvida, separando dúvida de confiança e de fé. A minha experiência é a de que a crença assente na dúvida aprofunda a fé como acto de confiança que nos move a fazer da fé uma experiência de vida transformativa, e não apenas uma experiência intelectual.

O que é uma vida informada pela fé sem experiência? Sem ir ao encontro daquilo que é difícil? Sem ir ao encontro dos outros, sobretudo os mais difíceis e que se encontram na periferia?

Há um rapaz que costuma pedir esmola no fim de várias missas aqui em Coimbra. Um dia soube que se chamava Nuno porque o sacerdote lhe perguntou o nome numa homília. Desde então que o trato pelo nome. Cumprimento-o, não como pobre, mas como irmão. O Nuno impressiona-me sempre. Pede esmola, mas durante a missa está lá, vive intensamente a liturgia, e comove-me sempre quando chega o momento do ofertório ao oferecer, também ele, o seu contributo. Com ele já partilhámos uma fatia de bolo, ou mesmo o nosso ofertório quando verificámos que o saco das ofertas não veio.

Dúvida é caminho de fé pela experiência

A intelectualidade da fé e da crença não deixa de ser interessante e ter o seu lugar, mas enquanto uma pessoa como Osho reflecte sobre ela sentado num sofá por 10 minutos, uma pessoa como o Papa Francisco levanta-se e vai ter com o prisioneiro para lhe beijar e lavar os pés.

A fé assente na dúvida impulsiona-te a fazer da crença uma experiência.