Sofrimento

 

Recentemente num livro de John Townsend intitulado “Where is God” vi uma linha de pensamento, consonante com o que tenho pensado também, sobre “Onde está Deus” diante do sofrimento do outro.

Compaixão

 

O exemplo que ele dá é da nossa presença impotente próxima de um ente querido que sofre. Lembro-me de quando nasceu o nosso segundo filho de fazer essa experiência. A minha esposa sentia as dores das contrações. Eu via-a sofrer, e a única coisa que podia fazer era estar presente. Não podia fazer nada, mas se não estivesse ali, ela não sentiria a força necessária para ultrapassar aquele momento de dor e amor.

Como está Deus presente?

A palavra que traduz este estar presente e sofrer com o outro é compaixão.

Só posso imaginar quantas vezes Deus não gostaria de fazer alguma coisa por nós, e pelo nosso sofrimento, mas isso iria violar a liberdade de sermos neste universo. Mas se nos abandonarmos a Ele, a experiência que fazemos é a da Sua presença e de uma mão na nossa mão. Foi isso que senti quando estava numa cama de hospital cheio de dores por estar com uma apendicite e não ter havido ainda espaço no bloco operatório para mim. Deus estava comigo e em cada sorriso sofrido esboçado por mim, ou pelos enfermeiros e médicos, era uma experiência da Sua presença.

O que é experimentar a compaixão?

Se estás a sofrer, e perguntas justamente “onde está Deus”, experimenta voltar o foco da tua atenção para Ele, abandonando-te a Ele, em vez de te ficares no sofrimento. Sente em cada momento de alívio, um momento de Deus presente. Em cada rasgo de esperança, um vislumbrar da Sua presença. Se assim fizeres, estou certo que acontecerá o mesmo que a mim quando acordei da operação e tinha dificuldade em respirar. Apesar disso, da minha boca saía uma oração.

Confiei na ciência, mas nela não encontrei a força para superar o sofrimento. Essa encontrei-a na presença subtil e compassiva de um Deus que me ama imensamente. De um Deus cuja presença íntima no interior de cada um de nós dá sentido e significado aos momentos incompreensíveis ao olhar do mundo. Por vezes, precisamos de que a história aconteça para entender o modo como Deus esteve connosco. A nossa tendência é olhar para uma foto instantânea, mas Deus quer que conheçamos o vídeo, e isso leva tempo.