«O conhecimento científico do mundo natural (…) é o conhecimento acerca daquilo que Deus criou. Existe apenas uma realidade, a realidade da criatura criada pelo Deus Criador. Hipoteticamente, o conhecimento ganho acerca do mundo natural deveria contribuir para aquilo que sabemos sobre Deus, e, inversamente, aquilo que sabemos sobre Deus deveria influenciar a forma como compreendemos o mundo natural.» (Ted Peters)


Assim, pensando na segunda parte desta afirmação de Peters, em tempos Wolfhart Pannenberg (foto) formulou 5 questões a partir da teologia, dirigidas a cientistas:

1. É concebível, tendo em vista a importância da contingência nos processos naturais, rever o princípio da inércia ou, pelo menos, a sua interpretação?

Esta pergunta resulta do facto deste princípio ter privado Deus da sua função de conservar a natureza, tornando-o numa hipótese desnecessária para compreender os processos naturais.

2. Deverá a realidade da natureza ser compreendida como contingente, e serão os processos naturais compreendidos como irreversíveis?

Esta pergunta refere-se ao carácter histórico da realidade que está relacionado com a ideia bíblica de Deus.

3. Haverá algum equivalente na biologia moderna para a noção bíblica do espírito divino como a origem da vida que transcende os limites do organismo?

Esta questão pretende relacionar as perspectivas bíblicas da existência criada, especialmente a vida, com o Espírito de Deus, imanente na criação e transcendendo a criatura.

4. Haverá alguma relação positivamente concebível entre o conceito de eternidade e a estrutura espaço-temporal do universo físico?

Esta questão pretende enfrentar a inevitável relação entre a realidade de Deus, de um modo positivo, com a estrutura matemática do mundo espaço-temporal da natureza.

5. Será a afirmação Cristã de um fim para este mundo reconciliável com as extrapolações científicas da existência contínua do universo, pelo menos, por vários milhões de anos?

Esta questão é, talvez, das mais difíceis porque se refere à escatologia, ou seja, ao fim dos tempos.

As respostas que Pannenberg encontrou são mais caminhos de diálogo entre fé e ciência que explicações finais. O diálogo entre fé e ciência caracteriza-se por isto mesmo: uma procura que permanece até ao fim dos tempos.