De modo algum! Basta pensar que o percursor da teoria do Big Bang, George Lemaître, era sacerdote Católico belga, assim como tantos outros. Contudo, se substituirmos a palavra cientista por materialista, isto é, todo aquele que concebe a realidade apenas na materialidade, então a resposta seria afirmativa, ou seja, todo o materialista é não-crente uma vez que Deus transcende a materialidade, isto é, está para além dela.

De onde vem, então, a pergunta?

Frequentemente se pensa na seguinte lógica:

1) todo o cientista é materialista;

2) todo o materialista é não-crente;

3) logo, todo o cientista é não-crente.

A razão da proposição 1) vem do facto de todo o edifício científico assentar no mundo físico, isto é, na materialidade, de tal forma que a ciência só se desenvolve através da materialidade. Mesmo se actualmente com a mecânica quântica, teoria da informação, ou até pela teoria matemática, a ciência estuda o abstracto sem (ou independentemente de) qualquer substracto. Porém, a proposição 1) comete a falácia de confundir materialidade com materialismo. Enquanto o primeiro termo é um pressuposto de toda a ciência, o segundo é um pressuposto filosófico de uma determinada visão do mundo que não deve confundir-se com a ciência. Assim, a proposição 1) é particular e não universal e o raciocínio lógico torna-se inconsequente.