Aproximamo-nos do tempo de Verão, das férias, um período de relaxamento e de gozar daqueles momentos que gostaríamos de viver com mais intensidade, mas o tempo não nos permite. Por exemplo, passear pela natureza. Todos estamos conscientes da importância de cuidar do meio ambiente, mas será que fazemos realmente alguma coisa por isso? Como podemos cuidar de alguém se não temos um relacionamento com essa pessoa? E se temos um relacionamento ao cuidar de alguém não se aprofunda uma amizade?

Li recentemente num livro sobre como o cérebro afecta a nossa vida (Brain Rules) de John Medina, um biólogo molecular, que uma forma de nos mantermos activos na atividade cerebral é manter activa uma actividade física. Quando estamos em período de trabalho dizemos que não temos tempo, embora cada vez mais as pessoas encontrem tempo para correr pelo aumento que vejo de corredores. Isso é muito positivo. As férias podem ser um momento privilegiado que iniciar um hábito diário a esse nível. Pode ser correr, ou simplesmente andar, mas o que importa é começar.

Porém, se o fizemos num ambiente natural haveria um segundo sentido que não se restringe ao físico, mas extende-se ao metafísico. Ou seja, a tudo o que está para além de uma experiência sensível ou concreta, e entra no abstracto que não é tão simples de compreender ou explicar. Porém, a possibilidade que se pode abrir diante de nós é a de experimentar o abstracto. Sem isso poderá ser difícil, senão mesmo impossível, compreender o que é abstracto. Por exemplo, que sentido e significado têm o tempo, o espaço, os relacionamentos, etc.

Aliando a importância da actividade física para manter o cérebro activo e saudável, com a possibilidade de o fazer em ambientes naturais, abrem-se diversas possibilidades de transformar o nosso modo que relacionar com a natureza que nos rodeia e de experimentar Deus através desse relacionamento.

Possibilidade #1. Abrir o olhar com um novo horizonte

É realmente incrível e assustador o cenário do qual fazemos quase todos parte quando passeamos pela rua e olhamos para as pessoas. Na sua maioria, olham para o pequeno écran do seu smartphone.

Contemplar a natureza é um convite a re-dirigir o nosso olhar dos pequenos écrans para os grandes cenários.

Possibilidade #2. Descobrir o amor na natureza

Quando passeamos temos a tendência de nos preocupar apenas em chegar ao destino. O motivos podem ser variados. Tempo, cansaço, medo de um bicho qualquer (toca a fugir), etc. Saber parar para descobrir a beleza dos pequenos detalhes de uma flor, pedra, insecto, árvore, riacho, paisagem, etc, é como se cada elemento natural fosse um pintura perfeita de amor. Somos sistematicamente convidados a descobrir o amor na natureza. Resta-nos saber aprender a responder a esse convite.

Possibilidade #3. Experimentar a presença de Deus

Ao descobrir o amor em cada detalhe, fazemos uma experiência de deslumbramento, um sentimento de alegria interior. A mim ocorre-me frequentemente pronunciar um agradecimento a Deus pela possibilidade de ser transformado por essa experiência. De certo modo, o desígnio de amor descoberto nos pequenos detalhes é um lugar de experiência do Amor que está na sua origem. Ou seja, de Deus.

Possibilidade #4. Aprender a dialogar com a natureza

Esta é a possibilidade ao alcance de todos e a mais difícil de concretizar. O mundo em que vivemos está de tal modo artificializado que a possibilidade de estabelecer um diálogo com a natureza é algo que temos dificuldade em conceber. Eu tenho, admito. Mas reconheço a importância, o valor e a potencialidade que isso pode trazer a um relacionamento que seja transformador.

Não tenho uma solução, apenas vislumbro um primeiro passo. Passar mais tempo com a natureza. Passear sem pensar. Olhar sem analisar. Simplesmente estar. Talvez seja isso que precisamos cada vez mais de reaprender. Reaprender a estar. É o desafio que faço a mim próprio e a ti durante este período de férias.

QUESTÃO: Qual a possibilidade que irás explorar primeiro para aprofundar a tua amizade com a natureza?